quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Meu pai

Sou absolutamente apaixonada por meu pai.
Mais que pai, ele é meu amigo, meu consultor para todos os assuntos que existem no universo, meu companheiro de aventuras, meu orientador, inspirador, exemplo... meu amor.
E está envelhecendo. 
Na verdade, já está velho o suficiente, mas o mais engraçado, é que nunca o achei velho. Pelo contrário, eu o acho disposto a aprender, inteirado de maneira geral.
Mas, de repente, percebi que os anos de vida tornaram-se chumbo.
Ele se arcou, diminuiu, emagreceu, suas feições ficaram profundas, sua cor ficou pálida, e, o cansaço finalmente o alcançou.
Sei que todos iremos partir.
Sei  que o tempo dele se aproxima.
Sei na razão, apenas.
Meu coração não consegue amenizar a dor da possibilidade de viver sem ele.
E vivo a sofrer, de uns dias para cá.
Sei que não faz sentido, que deveria aproveitar o agora...
Mas sorrateiramente, me vejo a observá-lo, querendo sorver cada momento, memorizar cada expressão.
Gostaria de parar de trabalhar, de parar com tudo, para viver esses dias totalmente ao seu lado.
Mas não, ele não está doente nem nada.
É apenas a idade aproximando.
E ele encasquetou que vai morrer, e desta vez, senti medo.
Ele sempre fica assim, quando morre algum conhecido, ele fica uns dias de bode, esperando sua vez.
Desta vez, esta tristeza da expectativa da morte, veio sem nenhuma razão, nenhum preâmbulo.
Chegou, tomou conta do seu sorriso, do seu brilho no olhar, e de certa maneira me envolveu.
Converso com O Chefão, e sinto no meu coração a certeza de que tudo vem no tempo certo.
Que eu aprenda a me separar, aos poucos.
Que eu aprenda a viver sem a presença dele, quando este momento chegar.
Que eu sobreviva da saudade que irá me acometer.
Que minhas prévias lágrimas de saudades, sejam trocadas por belos sorrisos de lembranças felizes e de agradecimento pela possibilidade de ter convivido tanto tempo, com uma pessoa tão especial.
Fica mais tempo, pai.
Eu ainda preciso de você!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Querer é poder


No domingo, participei da minha quinta meia maratona.
Estive em São Paulo, para correr a W/21K.
Uma semana antes, havia torcido meu pé, de uma maneira tola, ao tirar o tênis pelo calcanhar...
Fiquei de molho a semana toda, morrendo de medo de não aguentar correr os 21k.
Fiz muito gelo, muito repouso, e encarei a prova.
Estava indo bem, tranquila, feliz, mas no final da prova, meu pé começou a incomodar muito.
Parei, sentei no chão, tirei tênis e meia, fiz massagem, calcei tudo de novo tentei mais um pouco.
Alguns metros à frente, parei de correr e pensei em desistir, tamanha dor no pé machucado, e também na outra perna, porque devo ter modificado a pisada para aliviar o pé, causando muita dor.
Caminhei uns metros, e conversava comigo mesma.... só faltam 3k, vamos tentar devagarinho... E então, pensei na alegria que meu pai sente ao ver minha medalha, no sorriso expontâneo que dá e na frase que logo diz, eu não corro nem 100m... 
Pensei nas minhas filhas, a pequena, querendo ver o kit da corrida, os lanches que levo para casa, brindes, a maior, mais na dela, perguntando se foi legal, mas percebo nas entrelinhas o discreto orgulho pela mãe. 
Pensei no meu marido, que dá todo o apoio e seu olhar azul me dizendo: Parabéns, você é guerreira!
Pensei no amigo que corre comigo, e muitas vezes acredita mais em mim do que eu mesma.
Pensei nos inúmeros treinos, lembrava de cada lágrima chorada em corrida, cada amigo que fiz, e todos estes pensamentos, foram me proporcionando uma força e uma emoção tão fortes, que esqueci da dor e consegui ir aos poucos, chegando no final...
E a prova, terminou numa pista de atletismo, com um piso emborrachado, eu me via correndo naquele local e pensando comigo, eu estou correndo no mesmo lugar onde atletas de verdade correm, comecei a chorar... chorar muito...
Concluí a prova aos prantos.
Extremamente feliz comigo mesma.
Contente por ter superado minhas dores, minhas minhocas, satisfeita por ter encontrado forças onde achei que não existisse mais nada!
Querer é poder.
Feliz!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

CONSUMO SUSTENTÁVEL

Todo ano, escolho uma meta para me modificar.
Já tive como meta:

  •  no stress, onde tentava não me envolver com o stress do outro, e tentar manter a calma.
  • perdão, onde tentava deixar para trás coisas que me magoavam.
  • aceitação, quanto tentei trabalhar a aceitação das coisas que aconteciam, independentes de mim.
E este ano, escolhi trabalhar o Consumo Sustentável, basicamente, consiste em comprar apenas o necessário.
Gente, imaginei que seria um pouco difícil, mas não imaginava que seria tão difícil!
No começo, confesso que foi muito sofrido, o costume de consumir faz parte da nossa sociedade, e é instigado por todos os meios de comunicação, amigos e parentes. Era muito comum, quando me sentia triste, sair para me dar um presentinho, qualquer coisa, que me desse um pouco de alegria. As vezes, comprava um sapato que não precisava, ou uma roupinha, um perfume, ou mesmo um livro, fora os paninhos para patchwork, que eram minha válvula de escape preferida. Ainda hoje, tenho praticamente uma loja de scrapbook, em casa, tamanho o vício de comprar, na época em que fazia este tipo de artesanato...
A minha meta, deste ano, consiste em comprar apenas o necessário. Para tudo que penso em comprar, a primeira pergunta que me faço é: eu realmente preciso disso? Posso viver sem? E confesso que inventava várias justificativas plausíveis, que tentavam me levar ao consumo... Mas, quando quase me convencia que precisava comprar, voltava com a pergunta.... Você realmente precisa disso??
E fatalmente, a resposta era, não preciso agora, pode ser mais para frente, ainda dá para usar o velho...
E resisti bravamente.
Meses a fio...
Claro que esta crise no nosso país me ajudou imensamente a me manter firme nas decisões de evitar consumo desnecessário, porém, o que não contava que pudesse acontecer, aconteceu... Eu me desacostumei a comprar.
Simples assim.
E isso é libertador!
Poder andar no shopping sem ser seduzida por promoções, ou modas, ou outdoors lindos, propagandas convincentes, mas que não me atingem mais.
Uma liberdade muito grande!
Porque voltei a dar valor ao que tenho.
E se não preciso fazer tantas contas, não preciso de tanto dinheiro a mais, não preciso trabalhar tanto, para pagar excessos no cartão ou boletos sem fim...
Posso trabalhar menos, e fazer mais, as coisas que gosto, como costurar, ler, ficar com minhas meninas, sair com amigos. Isso eu posso fazer sem culpa, porque é saudável, isso é viver.
Pensem nisso!
E como o ano está chegando ao fim, já pensei na meta do ano que vem.
A meta será, ser mais calma.
Vou tentar desacelerar.
Falar mais devagar.
Escutar as pessoas até o final das frases, sem tentar adivinhar o que elas dirão, tentar ter paciência com pessoas prolixas, ou repetitivas...
Será um grande exercício para mim, mega acelerada.
Mas esta é a idéia, tentar ser uma pessoa melhor.
Fica a dica, qual sua meta para o próximo ano???

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Lembranças de tempos felizes

Sou ligeiramente melancólica.
Daquele tipo de pessoa que ouve músicas antigas e fica com saudades do que já passou.
Não sou depressiva.
Mas confesso que adoro criar um clima para recordar.
Basicamente, sinto saudade da inocência da vida.
Saudades daquele olhar de esperança, olhar de Poliana, sabem?
Aquela época em que acreditávamos em amizade de verdade, acreditávamos no amor para sempre, que esperávamos viver um grande romance, sonhávamos com o futuro, profissional, romântico e tudo mais que poderíamos, sempre florido e perfeito.
Aquele tempo onde nossa única preocupação era não ficarmos de recuperação, e nossas tardes eram gastas ouvindo música e tentando gravá-las em fitas K-7.
Sonhávamos com os bailinhos nas garagens dos vizinhos, onde teríamos a chance de dançar com o paquerinha.
Ao mesmo tempo, esperávamos pelas férias, onde ficávamos na piscina o dia todo, porque não havia cancer de pele, nem perigos de camada de ozônio ou falta d'água.
E também não havia celular, e internet, e shopping.
Conversávamos de verdade, todos os dias, o dia todo, e nunca faltava assunto.
Não me lembro de reclamar de não ter nada para fazer, como fazem minhas filhas.
Nós tínhamos atividades para o dia todo.
E a criatividade era infindável.
Sei fazer pipa, cerol, subir em árvores, caçar girinos, subir no telhado, jogar War, Detetive, Polícia e Ladrão, Pega-pega, Esconde-esconde, Mãe da Rua, Queimada, Três passos fora d'água, Panteras, Bolinhas de Gude, Peão, Taco, Pular sela, e um outro mundo de brincadeiras.
Sonhava com a vida adulta, mas absolutamente sem saber o que me aguardava.
Não que ser adulto seja ruim, mas é tão corrido, que dá impressão de que só trabalhamos.
Gosto de fazer nada.
Gosto de deitar no cimento e olhar as nuvens passando.
E sinto saudades de conversas sem fim, sobre todos os assuntos.
Isso a vida adulta roubou de mim.
Temos conversas, mas o tempo é curto para tanto papo furado.
Uma pena.
Bom mesmo é recordar aqueles dias que ficaram para trás, e ter a certeza de que terei saudades dos dias de branco, que vivo hoje em dia.
Vida bem estranha!!!!

sábado, 3 de outubro de 2015

Esquadrilha da fumaça

\
Hoje teve apresentação da Esquadrilha da Fumaça, aqui na minha cidade.
Moro num lugar onde é fácil o acesso à visualização do show aéreo.
Estava com minha filha mais velha.
Ela, no meio de sua adolescência, só pensava nos amigos e confusões naturais da idade, alheia ao aviões dando piruetas e vôos rasantes sobre sua cabeça.
Eu observava todos ao redor.
Idosos, mulheres com bebês, homens com binóculos, crianças imitando aviões.
Achei graça, na diversidade de emoções, envolvendo um mesmo evento, num mesmo local.
Me senti sozinha. Isolada.
Engraçado como em muitas vezes, me sinto fazendo parte do todo, mas noutras vezes, me sinto absolutamente só no mundo.
Não me senti triste, apenas só.
Era como se olhasse o momento de fora.
Como se não estivesse por inteira, como se estivesse apenas por um momento.
Percebi claramente, como a vida é feita de momentos.
Passageiros.
Me senti a passageira do momento, como se estivesse nos aviões e apenas observasse as pessoas.
E cada pessoa, vivendo seu mundo, seus sonhos, dores, problemas, medos.
Somos sós.
Somos isolados.
Como fazer para estabelecermos um contato real?
Como estabelecer o contato das almas?
Como despertar uma conexão de verdade? Como despertarmos deste estado letárgico?
Hoje conheci uma senhorinha.
Ela cuida do jardim, deste local onde corro pelas manhãs e que nas tardes, passeio com meu cachorro.
Ela cuida das flores, planta árvores frutíferas e flores coloridas.
Ela faz pelo todo.
Ela faz pelo planeta.
Busca um mundo melhor, mais bonito.
Faz a parte dela.
Enquanto ela falava, meus olhos se encheram de lágrimas.
Senti que ela realmente vivia o que eu prego. Ainda estou engatinhando.
Mas ela mudou meu dia.
Seu exemplo.
Sua simplicidade.
Sua ação.
Quero ser assim, uma peça no todo, por um mundo melhor.
Obrigada, Dona Nobuko.
Que eu traga flores para este mundão, assim como você faz tão calmamente.
Obrigada!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Respeito profissional

Bem sei, que a pessoa que gostaria que lesse este artigo, pouco provavelmente teria acesso, mas o escreverei mesmo assim!
Sou dentista.
Vivo desta função.
Manter o consultório funcionando, exige um custo: água, luz, telefone, secretária, materiais e principalmente, meu conhecimento!
Não existe: -Uma olhadinha!
Não faz sentido: -É só tirar uma dúvida!
Não é educado: -Somos amigos!!!
                          - É só fazer o orçamento!!!
Este é meu trabalho, quando se pensa que é apenas uma olhadinha, você está usando do meu espaço físico, da minha hora clínica, e principalmente, dos anos e anos de estudo.
Minha opinião odontológica, custa sim, o preço de uma consulta.
Não é bacana, esperar que seja de graça. Se quisermos dar a consulta, permita que nós a ofereçamos de presente, não desta maneira, vindo em consulta, perguntando todas as dúvidas do mundo, ouvindo a orientação de um profissional especializado na área e simplesmente indo embora.
É feio isso.
Desagradável e desnecessário.
Quando se vai a um profissional, seja ele qual for, pergunte, com antecedência, o valor cobrado.
Se achar que não é justo, pergunte ao profissional, se pode dar um desconto, ou não cobrar, mas converse antes.
Não conheço médicos, supermercados, cabeleireiras ou o que for, que atenda de graça.
A olhadinha, custa sim!
Pensem nisso!
Ou, usem o SUS!
Pronto falei!!!!